O acesso ao atendimento de qualidade baseado em evidências e à infraestrutura de saúde robusta continua sendo um desafio em muitos países em desenvolvimento.
Os impactos podem acarretar uma série de consequências, não apenas do ponto de vista da equidade na saúde e da qualidade de vida, mas também no atraso do desenvolvimento econômico. Para enfrentar os desafios da equidade na saúde, é fundamental compreender o âmbito do estado do atendimento como um todo, bem como as oportunidades direcionadas para o impacto.
Desafios da qualidade do atendimento em países em desenvolvimento
Um artigo publicado na revista Lancet em 2018 analisou o estado atual da qualidade do atendimento em países de baixa e média rendas como parte de um apelo mais amplo à reforma estrutural sustentável e equânime do sistema de saúde. Os principais achados incluíram:
- Os profissionais da saúde realizam menos da metade das ações recomendadas de atendimento com base em evidências; menos da metade das mulheres foi examinada uma hora após o parto em uma instituição;
- Sistemas de saúde com atendimento de baixa qualidade resultam em mais de 8 milhões de mortes por ano, tendo acarretado gastos de USD 6 trilhões com assistência social apenas em 2015;
- Integrações inadequadas de plataformas podem comprometer a capacidade dos sistemas de saúde de atender quadros clínicos complexos e em evolução;
- A assistência à saúde de alta qualidade é distribuída de forma desigual com base na classe e na renda, e a falta de confiança nos sistemas de saúde resulta em subutilização.
Ao abordar esses desafios inerentes de atendimento, o estudo identifica oportunidades para reduzir os custos e aumentar os benefícios econômicos, além da necessidade humanitária de prestar um atendimento de qualidade.
Outro estudo, realizado em 2019, constatou que cerca de 1,7 bilhão de crianças e adolescentes em todo o mundo não tinham acesso a atendimento cirúrgico e 453 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade careciam de atendimento cirúrgico básico que salva vidas. Pacientes diagnosticados com doenças tratáveis, como lesões, deformidades e quadros clínicos cirúrgicos, podem levar a altas taxas de mortalidade e menor qualidade de vida.
Visando à equidade na saúde em alto-mar
Considerando que muitos procuram abordar os maiores problemas estruturais, várias organizações estão buscando prestar atendimento de maneiras direcionadas, como a Mercy Ships, uma organização sem fins lucrativos que dispõe dos maiores navios civis de assistência hospitalar do mundo com foco voltado para o atendimento cirúrgico.
A missão da Mercy Ships é prover “hospitais flutuantes”, fornecendo acesso gratuito a procedimentos cirúrgicos e médicos de alta qualidade em um ambiente operacional estéril para pacientes que residem em regiões litorâneas de baixa e média rendas. As cirurgias oferecidas abrangem correção de fenda labial e palatina, catarata, deformidades “varridas pelo vento” e decorrentes de pernas arqueadas, joelhos tortos, tumores e muitos outros procedimentos.
Além disso, as equipes fornecem ferramentas, treinamento médico e recursos aos países anfitriões e governos locais para ajudar a construir infraestruturas sustentáveis de saúde e assegurar que, quando zarparem, as comunidades serão mais respaldadas e terão mais autonomia.
Ao visitar os países pelo oceano, elas podem fornecer acesso a 40% da população mundial que vive a 100 km do litoral. Nas regiões mais remotas do mundo, a infraestrutura e o acesso à eletricidade podem ser limitados ou inexistentes, portanto, fornecer acesso a informações clínicas baseadas em evidências para médicos voluntários nessas áreas pode ser um desafio.